Desde o começo de 2020, com o início da pandemia, é possível identificar que o setor sucroenergético passou por dois momentos: uma forte queda nos preços seguida por importante recuperação no segundo semestre do mesmo ano, fazendo os preços saltarem em 2021 em todo o mundo.

O lockdown que se estendeu em muitos países afetou diretamente o setor, embora tenha apresentado uma recuperação da demanda mais rápida do que se previa. Isso desencadeou alta de preços pela dificuldade da oferta acompanhar a procura.

Assim, entramos em 2022 com projeções de altos preços das commodities e pela subida consistente dos preços do petróleo. Isso oferecerá suporte aos preços do açúcar e do etanol ao competitivo produtor brasileiro.

Cana-de-açúcar: fatores que explicam a alta dos preços

Ambos os principais produtos obtidos da cana-de-açúcar são bastante voláteis em preços e dependem, além do tradicional balanço de oferta e demanda, de questões macroeconômicas, como o câmbio, além dos Fundos Especulativos, com forte correlação de preços com o açúcar, em função de sua posição comprada ou vendida.

Cada commodity guarda relações com uma determinada conjuntura mundial. O petróleo, desde 2007, lidera a correlação de preços com as commodities agrícolas de grande importância alimentar, como milho, trigo e açúcar, face ao alto percentual desses produtos utilizados para a produção de biocombustíveis.

Segundo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor da Canaplan, conselheiro da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), esses entre outros fatores qualificam o mercado sucroenergético e seus condicionantes-chave.

“Além do petróleo, há anos que os chamados Fundos Especulativos (que antes atuavam mais sobre juros, por exemplo) aplicam fortemente suas ações de compras e vendas em commodities. Assim, suas posições também são determinantes aos preços das commodities agrícolas e minerais, enquadrado nisso o petróleo”, explicou Carvalho.

De acordo com o especialista, há alguns anos os Fundos chegaram a prevalecer sobre os chamados fundamentos de mercado.

Essa lógica permanece no atual cenário global que se alastra por diversos países, ainda que as condições impostas pela crise sanitária levem a perspectivas outras, face os riscos das novas cepas de vírus.

Cana-de-açúcar

O que se vive na atual pandemia?

As incertezas quanto à pandemia avançam, rápida ou lentamente, para uma endemia de gripes que causa impactos nas commodities, diante da menor oferta global de petróleo, que seguirá com preços altos, indo de US$ 70 – 80/barril para US$ 90/barril no final de janeiro para o petróleo bruto.

O açúcar, mesmo com os Fundos atentos a oportunidades de vendas, deve seguir bem, assim como o etanol, no mesmo passo do petróleo. O açúcar depende muito da oferta brasileira, que em 2022 apresentará um dos menores índices já vistos, e da oferta indiana, que dependerá dos subsídios do seu governo ao setor açucareiro para aumentar.

Para Carvalho, a lógica dos últimos anos, que manteve os preços do petróleo elevados, deve continuar valendo em 2022, desta vez, no entanto, sobre patamares dificilmente vistos antes, mesmo com alguma volatilidade do etanol.

“Muitos bancos se posicionam com preços do petróleo ainda maiores, e agências projetam petróleo a US$ 70/barril. Para o açúcar, que se embaralha ao etanol (piso de preço), o Brasil e a Índia são chave!”, explica.

Por que, mesmo com incertezas, o momento é de investir na cana-de-açúcar?

A safra 2022/23 da cana-de-açúcar no Brasil, principalmente na região Centro-Sul, poderá correr os riscos de verão de 2022 e potenciais veranicos. Isso significa que, para ser positiva, será necessária boa ocorrência de chuvas durante todo o ciclo da cultura, com o produtor fazendo grandes investimentos em manejo para minimizar possíveis perdas causadas pelas adversidades climáticas.

Vale lembrar que, na safra 2021/22, o Centro-Sul do Brasil produziu cerca de 32 milhões de toneladas de açúcar, contra as 38 milhões de toneladas já produzidas anteriormente. Além disso, os preços globais também dependem de uma safra produtiva na Índia.

Ainda de acordo com o diretor da Canaplan, se o Brasil produzir entre 33 a 34 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2022/23, significa que:

  • A Índia não dará conta de atender o mercado com a exportação necessária se o açúcar tiver preços abaixo de US$ 20 c/lb e o etanol, em decorrência disso, ficaria em US$ 19 c/lb, equivalente ao açúcar.

  • O ano de 2022 indica um início com açúcar ao redor de US$ 18-19 c/lb. Com a Índia precisando de U$ 19,5 c/lb para ter estímulo para exportar, seria formada uma tendência de preços da cana ao produtor do Centro/Sul do Brasil acima de R$ 1,20 /kg de ATR.

É claro que essa projeção animadora depende da junção de diversos aspectos positivos, inclusive de condições favoráveis do clima neste verão e no início do outono, para que o canavicultor possa ter uma lavoura bem estabelecida.

“Outro fator é que o déficit açucareiro na safra internacional 2021/22 (out/set), segundo a LMC International, deverá ser superior a 5 milhões de toneladas e, caso tudo corra bem globalmente, um excedente modesto de 1,5 milhão de toneladas para a safra internacional 2022/23, que são indícios claros de bons preços”, conclui Carvalho.

Diante disso, mesmo com as especulações de queda nos preços das commodities a longo prazo e com as dúvidas macroeconômicas que o mundo vive atualmente, o canavicultor deve investir em soluções que incentivem o máximo potencial produtivo de sua lavoura, direcionando a criação de valor da sua colheita à alta rentabilidade.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.

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Redação Mais Agro